O professor de História da
Pensilvânia State University, Philip Jenkis, disse que "o anti-catolicismo
é o último preconceito aceitável nos EUA". Realmente, nos EUA e no mundo,
nas escolas e nas universidades, nos meios de comunicação e nos ambientes
culturais em geral a Igreja Católica é ridicularizada, desprezada, considerada
retrógrada, ultrapassada, contrária ao desenvolvimento científico e ao
progresso. Contra a Igreja e os seus valores pode-se dizer tudo, sem
preocupação com a análise criteriosa das fontes e a veracidade dos fatos e
muito menos sem a tolerância tão apregoada pelos valores do politicamente
correto no contexto do pluriculturalismo. As calúnias e as mentiras, os contra
valores ensinados e os ataques repetidos constroem no imaginário popular uma
falsa visão da Igreja, produzindo através da ridicularização o laicismo
radical, a perda da fé e até o ateísmo teórico.
A Reforma Protestante e o seu ódio
pela Igreja, o Renascimento e a mentalidade antropocêntrica, crítica da
autoridade da Igreja e da Fé como critério de conhecimento, o Iluminismo e o
racionalismo radical, deísta e anticlerical, as filosofias liberais e
materialistas dos séculos XIX e XX, cujos interesses comuns eram desprestigiar
a Igreja e promover as suas ideologias tornaram-se as fontes inspiradoras dos
historiadores modernos, que fundados no relativismo cultural, no materialismo e
no laicismo construíram uma historiografia de ódio contra a Igreja, denunciando
ou desconsiderando o seu papel na formação da identidade do mundo ocidental.
Dizia Santo Agostinho que é preciso
amar a Deus como pai e a Igreja como mãe. E como bons filhos, diante de tantas
falsificações, mentiras e calúnias advindas de ideologias perversas é
necessário responder às críticas, e ao mesmo tempo reafirmar o papel do
Cristianismo na construção do Ocidente. É uma questão de honestidade
intelectual, de bom senso e de obrigação, especialmente para o
historiador/pensador e para o professor católico, estudar, debruçar sobre as
fontes primárias, desconstruir as críticas infundadas, mostrar as luzes, os
benefícios da Igreja Católica para a humanidade em todos os campos dos saberes
e dos fatos sociais. E para isso é preciso desconstruir a desconstrução, passar
a história a limpo, ler autores como Daniel Rops, Thomas Woods, Régine Pernoud,
Chistopher Dawson, Gertrude Himmelfarb, Edmund Burke, Paul Johnson e muitos
outros historiadores, filósofos, pedagogos, autores clássicos, gênios, que
sozinhos resumiram gerações inteiras de conhecimentos e acumularam séculos de
cultura, promoveram uma sistematização dos saberes, que construiu o arcabouço
cultural do Ocidente, pautado na verdade, no bem e na beleza.
O historiador americano Dr. Thomas
Woods, PhD de Harvard nos EUA, em seu livro “Howthe Catholic Church Built
Western Civilization (Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental;
Regury Publishinglnc, Washington, DC, 2005) afirma que “Bem mais do que o povo
hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que
vivemos e o tipo de pessoas que somos”. Embora os livros textos típicos das
faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da
Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes
repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de
gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a
civilização”.
Somos frutos do papel civilizatório
da Igreja. Os valores evangélicos fizeram a verdadeira revolução social. A
mulher, a criança, o doente, os mais excluídos da sociedade foram defendidos,
protegidos, considerados sujeitos de direitos e a sua dignidade elevada. A
Igreja Católica inventou o ideal de caridade, reconhecida até por inimigos como
Voltaire, socorreu os pobres, construiu hospitais, asilos, criou ordens
religiosas para libertar escravos cristãos no mundo muçulmano, foi a única a
assistir os assolados em épocas de epidemias, como a Peste Negra. Cuidou da
educação. Criou escolas por toda parte, fundou as universidades e o próprio
sistema universitário e valorizou a igualdade de condições para o acesso ao
conhecimento.
O Direito Canônico foi o primeiro
sistema legal moderno e foi decisivo na evolução do Direito, a enunciação de
inúmeros princípios jurídicos pelos pensadores católicos deu origem ao Direito
Internacional, cujo pai é o padre Francisco Vitória. No campo da Economia as
ideias de preço justo, do valor subjetivo do dinheiro, da liberdade econômica e
tantos outros princípios são de padres e bispos como Jean Buridan, Nicolau
Oresme e muitos outros. A defesa da ideia da existência de um universo
racional, ordenado, funcionando de acordo com leis naturais tornou possível o
progresso das ciências. Aliás, inúmeros cientistas eram padres, destacando os
jesuítas.
A Arte expressa na beleza das
catedrais e dos vitrais, o valor do conhecimento difundido através das
universidades e dos pensadores cristãos, a cultura antiga preservada através do
trabalho dos monges copistas, a caridade, o desenvolvimento das ciências, a
valorização da razão, os princípios da paz e da justiça social, o ideal de bem,
de beleza e de verdade não existiriam nos moldes que temos hoje sem o trabalho
da Igreja Católica.
José Antônio de Faria
Professor Pós-Graduado em História
Professor Pós-Graduado em História
Uma excelente reflexão.
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