sábado, 5 de agosto de 2017

Breves considerações sobre a 3ª versão da Base Nacional Comum Curricular


No I Congresso Internacional de Educação Católica, realizado no Rio de Janeiro, nos dias 1 e 2 de julho de 2017, padre Paulo Ricardo fez uma palestra sobre a 3ª versão da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a ser homologada em novembro deste ano. Afirmou que a Base copia o modelo de educação em expansão pelo mundo, como o do Common Core, aplicado nos EUA, fundados nos princípios do globalismo, que pretendem desconstruir os valores judaico-cristãos da sociedade ocidental. Enfatizou que a situação é gravíssima e que é preciso entender o que está acontecendo, pois a homologação promoverá, de forma ilegal, uma centralização e ideologização da educação brasileira e tornará gerações inteiras inatingíveis pela verdade e avessas ao modelo cultural judaico-cristão.
Padre Paulo apresentou o 1º de um total de 16 vídeos de um DVD produzido por pais e educadores, da “Série Bases Comuns Curriculares” (Introdução), que cita vários artigos da Constituição brasileira, demonstrando que a BNCC é inconstitucional ao promover a centralização da educação no país. No artigo 205 está escrito que a educação é dever das famílias, no artigo 22 afirma-se que cabe ao governo fornecer apenas as diretrizes e bases da educação nacional e o artigo 210 diz que o governo deve apenas fixar conteúdos mínimos para o ensino fundamental e que o restante cabe aos sistemas de ensino estaduais e às famílias. Cita também o artigo 15 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação – de 1996), que estabelece a autonomia não apenas administrativa, mas pedagógica da escola.
            E segundo o parecer técnico nº 15, de 1998, do CNE (Conselho Nacional de Educação), bases e diretrizes são apenas preceitos genéricos fundamentais e a autonomia da escola é muito mais do que uma orientação, mas um mandamento da lei. Mas agora a BNCC irá decidir detalhadamente as matérias do currículo nacional, impondo quase tudo o que vai ser ensinado às nossas crianças em todo o Brasil. Esta centralização produzirá como consequência a ideologização da educação. O vídeo afirma ainda que diversos conteúdos provam tal ideologização e que a 3ª versão está recheada da ideologia de gênero, já rejeitada em 2014 pelo Senado e pela Câmara na votação do PNE (Plano Nacional de Educação) e em 2015 pelos quase 6000 municípios brasileiros na votação dos seus Planos Municipais de Educação. Entre as inúmeras citações, na página 119 da 3ª versão da BNCC, fica estabelecida a valorização de gênero, na página 165 a Base exige dos professores de Arte a problematização das questões de gênero, do corpo e da sexualidade. E na área de Ciências Humanas, na página 305, cita que a diversidade de gênero deverá ganhar especial destaque e na página 351 estabelece que o professor de História deverá destacar as questões de gênero no estudo dos processos históricos.
Segundo o padre Paulo Ricardo, um pequeno grupo de burocratas em Brasília, não eleitos pelo povo, vai decidir por mais de 200 milhões de brasileiros o que vai ser ensinado nas escolas do Brasil, numa clara ingerência do Estado sobre o direito das famílias de educarem os seus filhos, revelando uma verdadeira ditadura educacional, apoiada pelo Banco Mundial e outros organismos internacionais, ligados ao poder financeiro, interessados na transformação dos papéis sociais para a submissão social ao poder do dinheiro.
À guisa de conclusão é importante destacar que há diversos artigos e textos acadêmicos na internet sobre a temática da BNCC, os seus aspectos centralizadores e os seus princípios ideológicos. O próprio padre Paulo Ricardo, sacerdote católico, escritor e professor universitário, em vários textos denuncia a presença das ideologias do pragmatismo, do marxismo e do desconstrucionismo na BNCC, os seus objetivos de revolucionar a educação e construir uma nova sociedade.  O padre José Eduardo, doutor em Teologia Moral pela Università dela Santa Croce, em Roma, em entrevista à agência de comunicação Zenit, traça um histórico da legislação brasileira mostrando a tendência contrária à criação de um sistema único de educação e os seus propósitos revolucionários. E Viviane Petinelli, doutora em Ciência Política (UFMG/Harvard) com Orley José da Silva, mestre em Letras e Linguística (UFG), no texto “A 3ª versão da BNCC: análise e constatações (Nota Técnica)” provam a permanência da ideologia de gênero nesta versão, diluída em frases e períodos muito bem construídos e maliciosamente costurados, com o objetivo claro da desconstrução da heteronormatividade, da família natural, de toda a moralidade cristã e por fim, da anulação do próprio indivíduo em sua natureza.
                                                                                      
                                                                                                            José Antônio de Faria
                                                                                     Professor Pós Graduado em História


CONFIRA O TEXTO NA ÍNTEGRA DA PALESTRA REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS SOBRE A 3ª VERSÃO DA BNCC PROFERIDA NO II SIMPÓSIO DAS ESCOLAS CATÓLICAS no link abaixo:

http://professorfariahistoria.blogspot.com.br/2017/08/consideracoes-criticas-sobre-3-versao.html

A família e a escola na formação de valores


*Dom Fernando Arêas Rifan

            Em sociologia, estudamos as três principais sociedades: a família, a Igreja e o Estado.
            A Igreja e o Estado são sociedades perfeitas, no sentido de que dispõem em si mesmas dos meios necessários para a consecução dos seus fins: a Igreja, para o bem comum espiritual, e o Estado – sociedade civil -, para o bem comum temporal.
            A família, no entanto, embora seja uma sociedade natural querida e criada por Deus, a primeira de todas, é uma sociedade imperfeita, no sentido de que não dispõe em si mesma de todos os recursos necessários para o bem completo, espiritual e temporal, de seus membros, necessitando para tanto, da Igreja, para o bem espiritual, e do Estado, para o bem temporal.
            Especialmente na área da educação dos filhos, a família necessita da escola, instituição estatal ou particular com o apoio da sociedade civil, que lhe vai ser complementar nessa finalidade primordial.
            Assim nos ensina a Igreja, no seu Código de Direito Canônico:
“Os pais, e os que fazem as suas vezes, têm a obrigação e gozam do direito de educar os filhos; os pais católicos, além disso, têm o dever e o direito de escolher os meios e as instituições com que, segundo as circunstâncias dos lugares, possam providenciar melhor à educação católica dos filhos. Os pais têm ainda o direito de desfrutar dos auxílios que a sociedade civil lhes deve prestar, e são necessários para a educação católica dos filhos” (Cân. 793, § 1 e 2).  “Por uma razão singular, o dever e o direito de educar assiste à Igreja a quem foi confiada por Deus a missão de ajudar os homens para poderem chegar à plenitude da vida cristã. Os pastores de almas têm o dever de tudo dispor para que todos os fiéis desfrutem de educação católica” (Cân. 794, § 1 e 2).
            E a Igreja nos dá a correta definição do que é uma educação completa: “Devendo a verdadeira educação ter por objetivo a formação integral da pessoa humana, orientada para o seu fim último e simultaneamente para o bem comum das sociedades, as crianças e os jovens sejam de tal modo formados que possam desenvolver harmonicamente os seus dotes físicos, morais e intelectuais, adquiram um sentido mais perfeito da responsabilidade e o reto uso da liberdade, e sejam preparados para participar ativamente na vida social” (Cân. 795).
            Deduz-se facilmente do que expusemos acima a necessária parceria entre a família e a escola, para se conseguir uma educação completa.
            Na família se aprendem as primeiras normas de educação: a convivência fraterna, o amor mútuo, a obediência, a disciplina, o respeito, a humildade, a civilidade, as boas maneiras, o bom procedimento, as bases elementares da fé, as primeiras orações, etc.
            A escola vai conservar e completar essa educação familiar, acrescentando, além da fraterna e pacífica convivência social com pessoas de outras famílias e classes diferentes, o ensino das ciências necessárias: línguas, geografia, história, ciências exatas, educação física, ensino religioso, projetos sociais, etc.

            Assim, nessa construtiva parceria, teremos a educação completa que esperamos e desejamos para nossas crianças e jovens, futuro promissor de nossas famílias e de nossa Pátria. 

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

A discussão sobre a “Ideologia de gênero” nos dias atuais



No Brasil, o debate sobre a "ideologia de gênero" intensificou-se com a estruturação do Plano Nacional de Educação (PNE), em 2014. Neste caso, a proposta do Ministério da Educação (MEC) era incluir temas relacionados com a identidade de gênero e sexualidade nos planos de educação de todo o país. Recentemente o Programa Fantástico apresentou uma série sobre os transgêneros e fez o país voltar a este debate.
 A Ideologia de Gênero, ou melhor dizendo, a Ideologia da Ausência de Sexo, é uma crença segundo a qual os seres humanos nascem "iguais", sendo a definição do "masculino" e do "feminino" uma construção social, ou seja, comportamentos aprendidos. Despreza-se a determinação biológica do sexo, para conceber a ideia de que ninguém nasce homem ou mulher, aprende-se a sê-lo na criação que se recebe, nos costumes e papéis que a sociedade diz que você deve desempenhar.
Esta visão sinaliza o desejo do ser humano de ser Deus, na medida em que não aceita que é criado homem ou mulher, indo contra a natureza, a razão e principalmente contra a ciência, escondendo-se atrás do discurso de que o homem deve ser livre para ser feliz e fazer escolhas e ainda, atrás de uma bandeira de direitos humanos, onde todos devem ser aceitos como são. Esta possibilidade, de escolher quem eu sou de forma autônoma, nada mais é do que o desejo do ser humano de se colocar no lugar de Deus.  O Papa Bento XVI expressa muito bem esta afirmação:
Quando a liberdade para sermos criativos se transforma em uma liberdade para nos criarmos a nós próprios, então é o próprio Criador que é necessariamente negado e, em última análise, o ser humano é despojado da sua dignidade enquanto criatura de Deus que tem a Sua imagem no âmago do seu ser.”
Trata-se de um ataque mundial à ordem da criação e, por fim, a toda a humanidade. Isto destrói o fundamento da família, que nada mais é do que uma representação da relação de Deus com o homem, onde Cristo é o noivo e a Igreja é a noiva, instituindo-se desta forma, papéis diferentes para cada um.
O principal objetivo da ideologia de gênero consiste em desconstruir a ideia e valor da família natural e do modelo social que ela gera. Além de investir na desconstrução da família, a ideologia de gênero também tem investido em ações que visam afetar o desenvolvimento natural da sexualidade das crianças e adolescentes, seja pela erotização dos mesmos com exposição à imagem e vídeos e discussões sobre ato sexual e sexualidade humana para crianças de ensino infantil e fundamental nos anos iniciais, seja pelo incentivo à experimentação, a partir de projetos que estimulam, sobretudo adolescentes, a assumir orientação sexual diferente da sua e a ter relacionamentos sem compromisso para se “autoconhecer”.
Em 2011, um documentário transmitido em rede nacional na Noruega abalou a credibilidade dos teóricos de gênero nos países escandinavos. O Conselho Nórdico de Ministros (que inclui autoridades da Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia) ordenou a suspensão dos financiamentos dirigidos ao Instituto Nórdico de Gênero, promotor de ideias ligadas às teorias de gênero, depois da exibição, em 2010, do filme “Hjernevask” (“Lavagem Cerebral”), que questionava os fundamentos científicos dessa linha de pesquisa. O documentário gerou um intenso debate público sobre o assunto no país e no mundo.
Os teóricos do gênero afirmam que estudar tais possibilidades na escola é uma forma de combater o preconceito contra uma sexualidade diferente, que abrange homossexuais, bissexuais, transexuais e etc.
Acreditamos que a maioria de nós, independente de sexo, etnia, grau de instrução, religião, região, entre outras diferenças, é a favor do respeito às diferenças contra todas as formas variadas de preconceito e discriminação.
A diferença é que o caminho para se construir o respeito e atacar o preconceito não consiste em desconstruir identidades e anular os indivíduos em sua própria natureza. Nem tampouco a solução estaria na destruição do modelo familiar e social judaico-cristão, entendido pelos ideólogos de gênero como fonte de todo problema.
Pelo contrário, a construção de uma sociedade pacífica e sem diferenças de direito, oportunidade e acesso encontra-se no aperfeiçoamento da família natural, que apresenta a prerrogativa constitucional de educar os filhos.

Devemos fortalecer a família para que os indivíduos se sintam seguros, amados e aceitos e desta forma, possam fazer o mesmo com o seu próximo.

Por Priscila Pereira Boy- Pedagoga, Mestre em Ciência da Educação; Pós-Graduada em Antropologia Filosófica, Docência do Ensino Superior, Gestão de Pessoas e Elaboração de Projetos; MBA executivo internacional em marketing (FGV). Membro do GEINE (Grupo de Educação Inclusiva da UFMG). Escritora e palestrante. Atualmente é Assessora Estratégica Pedagógica do Bernoulli Sistema de Ensino

Educar para a Razão e para a Fé


Em uma das reflexões no I Congresso Internacional de Educação Católica, padre Paulo Ricardo afirmou que temos uma única inteligência, iluminada pelas luzes da Razão e da Fé. Discorrendo sobre o assunto, comentou que o objetivo da Educação Católica é fazer com que os educandos enxerguem estas duas luzes, e aprendam a pensar a fim de que cheguem ao conhecimento da verdade e a vivenciar a fé a partir de experiências aprendidas. Assim, não existe uma opção a ser feita. Não é que se possa optar pelo caminho da razão ou pelo da fé. É impossível viver sem as duas. A fé, sem a razão, é cega, totalmente. E a razão, sem a fé, enlouquece.
Argumentou também que existe diferença entre a lei do cérebro e a alma, mas que os dois devem sempre trabalhar juntos. A lei do cérebro é: “foge da dor e busca o prazer”, o que já não ocorre com os animais, estes são programados, pois associam sempre a dor ao mal e nunca o contrário. Nós somos diferentes, somos livres para pensar, para enxergar, para agir, podemos transformar uma dor em ação positiva, em aprendizado, somos capazes de compreender ou mesmo escolher o sofrimento para obter um bem maior. Somos livres para amar. A alma não é uma força material, só ela é capaz de gerar a liberdade por meio da ação da inteligência e da vontade.
As crianças devem ser educadas para enxergar as luzes da razão e não apenas “treinadas”, “adestradas” como macacos e focas. Devem ser levadas a fazer a experiência da verdade, usando a memória, demonstrando porque é que chegou à determinada conclusão, a partir de pressupostos dados: ver, raciocinar, experimentar... Descobrir o que está além das fórmulas.
Outra luz é a da Graça Sobrenatural. É preciso fazer experiências de Fé. A luz sobrenatural ilumina o intelecto e solidifica verdades que estavam tênues na pessoa. Padre Paulo citou o exemplo de quando a pessoa escuta com atenção o pregador e diz que naquele momento compreendeu aquela verdade de Fé, mesmo quando ouvida várias vezes. É a Palavra do Verbo Ressuscitado que fala suavemente dentro da alma, no silêncio, não no barulho do mundo.
E para atingir os objetivos da verdadeira educação, Padre Paulo Ricardo afirmou que é preciso começar pela mudança da própria vida, e formulou os seguintes conselhos:
Comece por cada um, cultivando o estado de Graça, que turbina a nossa inteligência para a compreensão das verdades mais complexas.
Em segundo lugar, é preciso comungar bem, com espírito de Fé, o mais frequentemente possível... Com tal dica fez com que os congressistas refletissem: “Como ensinar aos outros a luz que você próprio não enxerga”?
Assim, começando a mudança em nossa própria vida, poderemos dar passos gigantes, pois a verdade vos libertará, como afirmou o próprio Divino Mestre: "Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres" e um dia todos esses revolucionários radicais irão nos dizer: Mostre-nos o seu Deus!  Concluiu a palestra ressaltando a beleza da Igreja, que sempre foi reformada pelos seus Santos e é isso que Ela espera de nós: a Santidade.
Pe. Silvano Salvatte Zanon

Assessor Eclesiástico da Pastoral da Educação

Editorial (Ano 1, nº 3)


           
            Nos dias 1 e 2 de julho de 2017, ocorreu no Rio de Janeiro o I Congresso Internacional de Educação Católica, com a presença do Cardeal do Rio de Janeiro Dom Orani João Tempesta, do Bispo Dom Karl Josef Romer, do padre Paulo Ricardo, com a participação de 600 congressistas e alguns membros da Pastoral da Educação da Administração Apostólica. Portanto, o EDUCARE, com a missão de auxiliar os professores das Escolas Católicas, vem compartilhar através de resenhas duas palestras deste encontro, entre outros temas.
            O Concílio Vaticano II, no documento “Gravissimum Educationis”, sobre a Educação Cristã, identifica os valores naturais do homem redimido por Cristo na sua identidade, cooperando para o bem de toda a sociedade. Por isso, o Sagrado Concílio lembra a todos os fiéis, o direito que têm de gozar de uma verdadeira educação cristã, tendo como modelo o grande Pedagogo da Humanidade: Jesus Cristo.
            Assim, hoje, a Educação Católica desafiando o mundo materialista e ateísta, auxilia e fortifica as famílias, para que se emancipem dessas ideias pluralistas, da ideologia de gênero, e assumam, como primeira e principal educadora, o seu papel frente a seus filhos: Educar para a salvação eterna. “A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade”. (Cfr. Conc. Vat. II, Const. dogm. De Ecclesia, Lumen gentium, n. 11 e 35: AAS 57 (1965) p. 16 e 40 s.)
            A Escola sendo instrumento para as Famílias, tem como missão de ensinar e estimular os valores cristãos, morais e educacionais, para que os filhos conheçam e amem mais perfeitamente a Deus, tornem-se um fermento salutar para a comunidade humana, para o serviço de expansão do Reino de Jesus Cristo.
Que Deus os abençoe e que perseverem generosamente no trabalho começado de educar como escola católica e que se esforcem para saciar os alunos do espírito de Cristo.

Pe. Silvano Salvatte Zanon

Assessor Eclesiástico da Pastoral da Educação