Diante
do retrato atual dos espaços educativos, particularmente, família e escolas, com
desperdício imenso de energias para se resolverem problemas que são estruturais,
nos perguntamos como mudar o desrespeito verbal e gestual nesses espaços. Quem
não ouviu falar das agressões psicológicas, físicas e morais e do desinteresse
pela aprendizagem? De pessoas inteligentíssimas, mas fragilizadas e
desiquilibradas emocionalmente? Há muitas famílias que transferem para a escola
a responsabilidade de educar seus filhos e há escolas que se posicionam
afirmando que a instrução cabe a ela, mas a educação cabe à família. É preciso
que os educadores enfrentem esse desafio buscando dar uma resposta alternativa a
esse retrato atual, rompendo com um círculo vicioso de transferências de
responsabilidades.
Infelizmente
não é raro ouvir de pais “não sei mais o que fazer com meus filhos”. Essas
palavras soam como um grito muitas vezes tão próximo de nós. Também se torna
cada vez mais frequente ouvir de educadores em instituições de ensino essas
mesmas palavras agora aplicadas aos alunos. Somos
desafiados a buscar uma resposta que esteja ao alcance de todos. No fundo, essas
palavras traduzem um anseio do coração humano, profundamente infeliz, com sede de
vida verdadeiramente feliz.
Há certa de sete anos,
tive oportunidade de conhecer um educador apaixonado e comprometido com uma
resposta alternativa aos desafios atuais da educação, oferecendo uma educação personalizada
a partir das escolas integradas às famílias e com outros grupos de convivência
social. Seu nome é João Malheiro, doutor em educação e consultor educacional, criador
do Projeto Virtudes, que sucintamente
passo a expor.
O Projeto Virtudes nasce como resposta às exigências do coração
humano de integrar a pessoa humana consigo mesma e com as outras, seja na
família e em pequenos grupos de amizade, seja na escola ou em círculos maiores
de convivência social. Esse projeto
consiste em oferecer de forma teórico-prática uma formação das capacidades
socioemocionais (de virtudes) das crianças e adolescentes, desde os primeiros
anos até a conclusão do Ensino Fundamental, de forma sistemática. Parte da
premissa de que a pessoa humana possui inteligência (responsável pelo
conhecimento e raciocínio - razão teórica e razão prática) e vontade (composta
de paixões/emoções, sentimentos e gosto, que chamamos afetividade – razão
emocional). Uma educação que se propõe ser integral precisa alcançar esses três
tipos de inteligência – a teórica, a prática e a emocional, buscando estimular
não só a parte cognitiva do aluno, mas também as qualidades socioemocionais.
Embasado na dinâmica das
virtudes segundo S. Tomás de Aquino, com objetivo de se atingir a maturidade da
pessoa humana, o projeto está pedagogicamente estruturado da seguinte forma: do
1º aos 7 anos de idade é trabalhado o controle dos impulsos e desejos pelos
outros (Temperança – limite no prazer); dos 7 aos 14 anos é trabalhado o domínio
do medo de enfrentar o que custa pelos outros (Fortaleza – aguentar/enfrentar);
dos 15 aos 16 anos trabalha-se o sair de si mesmo (Justiça – amizade); e dos 17
aos 18 anos trabalha-se o refletir, julgar e decidir (Prudência – pensar
antes). Com essa formação o aluno é levado a aprender e vivenciar no dia a dia
os bons hábitos e os valores que, aos poucos, deverão prevalecer e se
consolidar na sua vida.
Pe. Pedro Paulo de Carvalho Rosa
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