sexta-feira, 19 de julho de 2019

Virtudes: capacidades socioemocionais na escola


Diante do retrato atual dos espaços educativos, particularmente, família e escolas, com desperdício imenso de energias para se resolverem problemas que são estruturais, nos perguntamos como mudar o desrespeito verbal e gestual nesses espaços. Quem não ouviu falar das agressões psicológicas, físicas e morais e do desinteresse pela aprendizagem? De pessoas inteligentíssimas, mas fragilizadas e desiquilibradas emocionalmente? Há muitas famílias que transferem para a escola a responsabilidade de educar seus filhos e há escolas que se posicionam afirmando que a instrução cabe a ela, mas a educação cabe à família. É preciso que os educadores enfrentem esse desafio buscando dar uma resposta alternativa a esse retrato atual, rompendo com um círculo vicioso de transferências de responsabilidades.
Infelizmente não é raro ouvir de pais “não sei mais o que fazer com meus filhos”. Essas palavras soam como um grito muitas vezes tão próximo de nós. Também se torna cada vez mais frequente ouvir de educadores em instituições de ensino essas mesmas palavras agora aplicadas aos alunos. Somos desafiados a buscar uma resposta que esteja ao alcance de todos. No fundo, essas palavras traduzem um anseio do coração humano, profundamente infeliz, com sede de vida verdadeiramente feliz.
Há certa de sete anos, tive oportunidade de conhecer um educador apaixonado e comprometido com uma resposta alternativa aos desafios atuais da educação, oferecendo uma educação personalizada a partir das escolas integradas às famílias e com outros grupos de convivência social. Seu nome é João Malheiro, doutor em educação e consultor educacional, criador do Projeto Virtudes, que sucintamente passo a expor.
O Projeto Virtudes nasce como resposta às exigências do coração humano de integrar a pessoa humana consigo mesma e com as outras, seja na família e em pequenos grupos de amizade, seja na escola ou em círculos maiores de convivência social. Esse projeto consiste em oferecer de forma teórico-prática uma formação das capacidades socioemocionais (de virtudes) das crianças e adolescentes, desde os primeiros anos até a conclusão do Ensino Fundamental, de forma sistemática. Parte da premissa de que a pessoa humana possui inteligência (responsável pelo conhecimento e raciocínio - razão teórica e razão prática) e vontade (composta de paixões/emoções, sentimentos e gosto, que chamamos afetividade – razão emocional). Uma educação que se propõe ser integral precisa alcançar esses três tipos de inteligência – a teórica, a prática e a emocional, buscando estimular não só a parte cognitiva do aluno, mas também as qualidades socioemocionais.
Embasado na dinâmica das virtudes segundo S. Tomás de Aquino, com objetivo de se atingir a maturidade da pessoa humana, o projeto está pedagogicamente estruturado da seguinte forma: do 1º aos 7 anos de idade é trabalhado o controle dos impulsos e desejos pelos outros (Temperança – limite no prazer); dos 7 aos 14 anos é trabalhado o domínio do medo de enfrentar o que custa pelos outros (Fortaleza – aguentar/enfrentar); dos 15 aos 16 anos trabalha-se o sair de si mesmo (Justiça – amizade); e dos 17 aos 18 anos trabalha-se o refletir, julgar e decidir (Prudência – pensar antes). Com essa formação o aluno é levado a aprender e vivenciar no dia a dia os bons hábitos e os valores que, aos poucos, deverão prevalecer e se consolidar na sua vida.
Pe. Pedro Paulo de Carvalho Rosa

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